O cenário da incidência e mortalidade por câncer em debate: por que os índices aumentam e como frear esse crescimento
Mesmo com o avanço das políticas públicas e do desenvolvimento de novas tecnologias em saúde, o mundo enfrenta o aumento da incidência e mortalidade por câncer. Relatório de 2018 da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer da OMS (Iarc, na sigla em inglês) aponta que um em cada cinco homens e uma em cada seis mulheres desenvolverão câncer durante a vida e um em cada oito homens e uma em cada 11 mulheres morrerão da doença. Ainda de acordo com a agência, em 2040, serão 28,9 milhões os casos novos de câncer, 9,6 milhões ou quase 50% a mais do que os 19,3 milhões de casos novos contabilizados para 2020. Esse cenário inspirou a organização da mesa Aumento da incidência e mortalidade por câncer: como diminuir esses números?, no 9º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC) que será realizado de 27 a 29 de setembro de 2022, no WTC Events Center, em São Paulo, também com transmissão on-line.
A mesa, que está marcada para o dia 29/09, às 11h, apresentará pesquisa que resulta de parceria do TJCC e do Observatório de Oncologia com pesquisadores do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz (CEE-Fiocruz). A sanitarista Ana Beatriz Machado de Almeida, pesquisadora da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), apresentará dados referentes ao cenário do câncer no Brasil, com análise e comentários do pesquisador Luiz Antonio Santini, ex-diretor do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e um dos coordenadores do projeto de pesquisa do CEE-Fiocruz Doenças Crônicas e Tecnologias em Saúde (DCTS), ao lado do ex-ministro da Saúde e também pesquisador do CEE José Gomes Temporão – que participará da mesa de abertura do Congresso em 27/09.
Participam ainda da mesa João Abreu, mestre em Desenvolvimento Internacional pela Universidade de Harvard, cofundador e diretor executivo da Impulso Gov, organização que trabalha para impulsionar o uso inteligente de dados e tecnologia no SUS, e o epidemiologista Alfredo Scaff, ex-subsecretário de Atenção à Saúde da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro. A moderação será feita por Nina Melo, coordenadora do Departamento de Pesquisa da Abrale.
“A incidência e a mortalidade por câncer vêm aumentando no mundo, em parte pelo envelhecimento, pelo crescimento populacional, como também pela mudança na distribuição e na prevalência dos fatores de risco da doença”, explica Ana Beatriz.
“A garantia de acesso a diagnóstico e tratamento de forma oportuna é tão ou mais importante na redução da incidência e da mortalidade por câncer, do que novas e sofisticadas tecnologias”, observa Luiz Santini.
Na mesa serão apresentados dados da pesquisa relacionados a mortalidade por tipo de câncer (mama feminina, próstata, pulmão, colo do útero, estômago e colorretal), por macrorregiões brasileiras e por estadiamento do diagnóstico (isto é, o momento em que a doença é diagnosticada, se precoce ou tardiamente).
O câncer no Brasil
De acordo com o Inca, são estimados 625 mil casos novos de câncer no Brasil para cada ano do triênio 2020-2022. A taxa de incidência, estimada pela Iarc para 2020 foi de 295 casos novos de câncer a cada 100 mil pessoas – considerada intermediária e compatível com demais países em desenvolvimento. A taxa fica próxima da média mundial de248 casos novos a cada 100 mil, bem abaixo das taxas do Japão (813), Austrália (784) e Holanda (770) e ligeiramente acima de países da América Latina como México (152) e Colômbia (223).
Os resultados mostram, ainda, que o câncer é a principal causa de morte em 606 municípios brasileiros. Com base em estimativa da Iarc, o país terá, em 2040, 995 mil casos novos de câncer. Entre os cânceres de mama, próstata, pulmão, colo de útero, estômago e colorretal, foram verificadas proporções de estadiamentos tardios que variam de 39% a 88% (dados de 2020), o que reforça a importância de se trabalhar a prevenção.
Dados da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) referentes a 2020 mostram que 70% das mortes por câncer ocorrem em países de baixa e média renda, 40% dos casos poderiam ser prevenidos evitando-se fatores de risco e 30% podem ser curados se houver detecção precoce e tratamento adequado.
Sobre o 9º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer
Iniciativa do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer, o Congresso TJCC tem por objetivo reunir os principais líderes do segmento para discussões sobre os desafios e conquistas da Oncologia, com ênfase na Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer, instituída em 2013. Nessa 9ª edição do Congresso estarão em debate temas como: advocacy, inovação, assistência, gestão pública e trabalho em rede.
9º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer – 27 a 29/9/2022, São Paulo
Mesa: Aumento da incidência e mortalidade por câncer: como diminuir esses números?
CEE-Fiocruz/TJCC
Dia: 29/9/2022
Hora: 11h
Local: WTC Events Center, em São Paulo
Transmissão on-line: informações aqui