O que os brasileiros pensam sobre a descriminalização da maconha?
Marcelo Rasga Moreira*
Sob qualquer ponto de vista, a Guerra às Drogas fracassou! (http://www.cartacapital.com.br/internacional/o-fracasso-da-guerra-as-drogas/).
A despeito das evidências, governos continuam gastando cada vez mais dinheiro que devia ser usado para resolver os graves problemas sociais que vivemos e que contribuem, em escala global, para o aumento da violência, da corrupção, do tráfico de armas...
Pior: esta guerra não conseguiu produzir um único resultado importante, que seja digno de nota até mesmo na grande mídia!
Difusos, de diferentes matizes, com intenções diversas e sem necessariamente estarem articulados, há movimentos contra-hegemônicos espalhando-se pelo mundo, tentando superar a lógica da guerra e avançar pelos caminhos da descriminalização e da legalização das drogas, em especial, neste momento, da maconha.
Holanda, Portugal e Espanha têm iniciativas importantes, mas, sem dúvida, EUA e Uruguai – o primeiro, via mercado; o segundo, por meio da estatização – tornaram-se protagonistas neste movimento contra-hegêmonico. (http://tijolaco.com.br/blog/?p=12062)
E O BRASIL?
O Brasil talvez seja o país que mais sofra com as ações, resultados e desdobramentos diretos e indiretos da Guerra às Drogas. Afinal, várias batalhas dessa guerra são travadas diariamente nas ruas de nossas cidades.
Temos as caraterísticas geopolíticas, demográficas, urbanas e de infraestrutura necessárias para que o tráfico – aqui pensado como um conjunto articulado de micros, pequenas, médias e grandes empresas que transitam entre mercado legal, ilegal e criminoso – atue tanto em sua vertente de megaexportador internacional quanto no que diz respeito ao volumoso comércio interno que é o varejo das drogas.
Diante disso, vamos ficar de fora da discussão mundial sobre descriminalização e legalização?
E A FIOCRUZ?
Como instituição de pesquisa do Estado Brasileiro, a Fiocruz tem como missão produzir evidências que superem os preconceitos, elucidem o senso comum, contribuam para a tomada de decisão consciente e esclarecida e, sobretudo, tragam benefícios aos cidadãos brasileiros.
Por isso, o Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz (CEE-Fiocruz) considera essencial que o debate sobre a descriminalização e a legalização da maconha seja feito de maneira incisiva, democrática e sem preconceitos.
Independentemente de sua posição sobre o tema, os brasileiros têm que ter conhecimento sobre os diferentes aspectos que envolvem a descriminalização e a legalização, para que possam tomar decisões que apontem para a superação de problemas.
O primeiro passo do Centro foi a realização de uma pesquisa de opinião de âmbito nacional, via telefone, que levantou a percepção de 3.007 brasileiros sobre diferentes aspectos que envolvem a descriminalização e a legalização. Concluída em dezembro de 2014, a Pesquisa está em fase final de publicação de resultados. O Blog do CEE-FIOCRUZ apresenta, em primeira mão, um infográfico que compila os primeiros dados divulgados:
E você? O que pensa sobre a descriminalização e a legalização da maconha?
Vamos fazer esse debate sem preconceitos e respeitando as diferenças!
Isto é democracia, e o Brasil jamais pode prescindir da democracia!
* Pesquisador do Departamento de Ciências Sociais da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fiocruz (DCS/Ensp/Fiocruz) e colaborador do CEE-Fiocruz