Nísia Trindade, na OMS: é preciso pensar em populações negligenciadas, não só em doenças negligenciadas
É necessário “pensar em populações negligenciadas, não apenas em doenças negligenciadas”, alertou a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, em uma de suas exposições no Encontro de Parceiros Globais da OMS sobre Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs). Colaborar. Acelerar. Eliminar, realizado na sede da Organização Mundial da Saúde (OMS), em Genebra, em 19/4/2017. “O setor sanitário precisa atuar em coordenação com outros setores, garantindo acesso gratuito a serviços de qualidade, que levem à promoção e à educação da saúde”, disse Nísia, que participou da abertura e de um dos painéis, ao lado de dirigentes internacionais, diplomatas, pesquisadores, representantes da indústria e de organizações não governamentais, bem como membros de setores envolvidos no tema de doenças negligenciadas.
“Temos que pensar a relação entre o setor público e o da saúde como um jogo em que todos ganham. Colaboramos em muitas áreas em termos de pesquisa para inovação, e somente assim conseguiremos atingir o objetivo deste encontro de 'colaborar, acelerar e eliminar' as doenças negligenciadas", observou.
• Acesse aqui as gravações dos dois painéis de que a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, participou, assim como das demais discussões do encontro
• Confira aqui a entrevista que Nísia concedeu à ONU.
• Acesse o Quarto Relatório da OMS sobre Doenças Negligenciadas, lançado durante o encontro, cujos resultados foram comemorados pela diretora-geral da OMS, Margaret Chan. “A OMS observou progresso sem precedentes para aniquilar antigas moléstias como a doença do sono [tripanossomíase humana africana] e a elefantíase”, disse Chan. “Nos últimos dez anos, milhões de pessoas foram salvas da pobreza e da desigualdade, graças a uma das mais eficazes parcerias globais na saúde pública moderna”.
Nísia afirmou, ainda, a necessidade de “sempre lembrar dos determinantes sociais e ambientais da saúde”, observando que o Brasil tem surtos de dengue há 30 anos, e isso se relaciona diretamente à rápida urbanização no país sem as condições de saneamento necessárias”. Segundo ela, para resolver essa situação, “como em outros problemas complexos, não há só uma solução. Temos que trabalhar com saneamento, o aspecto mais importante, e com novas tecnologias para controle de vetores, como a wolbachia, que a Fiocruz desenvolve em parceria com a Fundação Gates”.
Nísia também encontrou-se com diretores de departamentos e programas da OMS sobre doenças negligenciadas. Estiveram em pauta a importância do Brasil na saúde global, a inovação para doenças negligenciadas e a importância para a saúde de programas de educação e acesso aberto ao conhecimento. (Com informações de André Costa/Agência Fiocruz de Notícias)