O futuro em foco na Fiocruz
Pensar o futuro, fomentar debates prospectivos, aplicando o conhecimento científico gerado por seus pesquisadores, na elaboração de programas, políticas e ações concretas, que garantam qualidade de vida à população: esta é a agenda, hoje, da Fundação Oswaldo Cruz. Na estrutura de gestão da presidente Nísia Trindade Lima foi constituída a Coordenação de Prospecção da Presidência, e, na prática, a Fiocruz já conta com uma Rede de Prospecção, conformada pelo Centro de Estudos Estratégicos (CEE-Fiocruz), o Projeto Saúde Amanhã e o Sistema Fiocruz de Gestão Tecnológica e Inovação (Gestec-NIT), bem como o Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS), conforme observou o titular da coordenação, o pesquisador Carlos Gadelha, na apresentação da aula aberta Ano Oswaldo Cruz: perspectiva nacional e a Fiocruz do futuro, realizada em 16/3/2017, ministrada por Nísia.
Gadelha destacou que existe grande potência na articulação da inteligência da instituição para avançar rumo ao futuro, envolvendo todas as unidades, com propostas que possam ser absorvidas pelo sistema Fiocruz, projetos coletivos de mudança institucional. Ele destacou o papel do CEE-Fiocruz nesse processo. Para Gadelha, transformar o pensamento prospectivo em política institucional é, hoje, a proposta e o desafio da Fiocruz.
Em sua exposição, Nísia Trindade ressaltou a importância de combinar atividade acadêmica com o pensar a instituição. “Tomar isso como objeto de reflexão sistemática não é simples, mas é fundamental para pensarmos um projeto de sociedade e de país”, observou.
A presidente da Fiocruz apontou a função de advocacy que a Fiocruz desempenha na sociedade brasileira, em defesa da saúde como direito de todos e dever do Estado. “Esse compromisso está em nossa gênese e precisa ser fortalecido”, destacou, defendendo a democracia como modelo de gestão. “A democracia deve ser, sobretudo, uma cultura: uma cultura que nos reconheça como iguais”.
Nísia lembrou que “a Fiocruz é SUS”, ao destacar a importância de se pensar o futuro do Sistema Único de Saúde, o que está vinculado ao reconhecimento das novas e desafiadoras demandas de saúde da população brasileira, que passa por um processo de crescimento, envelhecimento e transição epidemiológica. “Garantir o acesso universal, equitativo e integral da população a um sistema de saúde público e de qualidade requer uma perspectiva translacional da Pesquisa, do Desenvolvimento Tecnológico e da Inovação. É preciso criar um vínculo indissociável entre a geração de conhecimento científico e as necessidades atuais e futuras da sociedade”, defendeu, destacando a ênfase na assistência farmacêutica e na produção de fármacos e produtos biológicos, em que a Fiocruz tem papel relevante. “A produção nacional é fundamental para autonomia do país”, observou.
Nísia ressaltou também a importância de se desenvolver o Complexo Econômico e Industrial da Saúde (CEIS) como parte integrante do SUS, destacando “a qualidade, a quantidade e a abrangência” da produção científica da Fiocruz, “contribuindo de forma transdisciplinar, no campo das ciências biomédicas, sociais e humanas e uma grande diversidade de áreas e subáreas de conhecimento”.
Apresentando o Ano Oswaldo Cruz como “legado e momento de preparar a Fiocruz do Futuro”, Nísia destacou como desafios, ainda, a preparação da Fiocruz para a quarta revolução tecnológica, marcada pela conectividade em grande escala, processamento de big data e a internet das coisas; a educação permanente, para preparar e qualificar as pessoas para os processos de transformação institucional e da sociedade brasileira; e a promoção do desenvolvimento sustentável, tendo-se a Fiocruz “como protagonista na formulação, na definição de políticas e na implementação de práticas sustentáveis, no contexto da Agenda 2030”.
Assista à aula aberta 'Ano Oswaldo Cruz: perspectiva nacional e a Fiocruz do Futuro