Sem atenção primária à saúde, não se contém a pandemia
Estudos relacionados à pandemia de covid-19 mostram que 80% dos casos de infecção pelo novo coronavírus são leves. O enfrentamento desses casos, assim como uma primeira abordagem aos casos moderados, se dá na atenção primária à saúde (APS) e pelas equipes de saúde da família. Essas equipes, que constituem a Estratégia Saúde da Família (ESF), porta de entrada no SUS, são estruturadas de forma a criar um vínculo estreito com os usuários dos territórios onde atuam.
“Sem a atenção primária à saúde, não conseguimos conter a pandemia de covid-19”, observa a pesquisadora Ivana Barreto, da Fiocruz Ceará, uma das coordenadoras da pesquisa nacional Análise do processo de trabalho da Estratégia Saúde da Família na pandemia de covid-19, lançada em 4/9/2020. A pesquisa busca explorar aspectos como a nova rotina de serviços nas unidades de saúde durante a pandemia, em que é necessário conciliar atendimento aos infectados pelo coronavírus, com a atenção regular aos usuários que precisam de acompanhamento em suas condições, como hipertensos, diabéticos e gestantes, entre outras. A forma de atenção a suspeitos e doentes com a covid-19; as práticas de promoção da saúde e de vigilância para monitoramento e mitigação doença; e as medidas de proteção aos profissionais e seus familiares são outros pontos a serem explorados no estudo.
Ivana destaca que a atividade de vigilância em saúde, uma das atribuições da ESF, vem ganhando importância cada vez maior no contexto da pandemia. “A partir da identificação de uma pessoa com Covid, é preciso que ela possa ter acesso a exames, assim como aqueles que tiveram contato com ela, e orientação quanto a como se comportar para não transmitir a doença para outras pessoas”, explica, lembrando que a maioria da população brasileira busca atendimento em postos de saúde, quando está com algum problema. “São os profissionais da atenção primária que primeiro entram em contato com as comunidades, orientando, isolando suspeitos, encaminhando para hospitais etc.”, destaca Ivana. “Por isso é importante saber como a Estratégia Saúde da Família está organizando o trabalho durante a pandemia”.
Reunindo médicos, enfermeiros, cirurgiões dentistas, técnicos de enfermagem, técnicos em saúde bucal e agentes comunitários de saúde, além dos profissionais dos Núcleos Ampliados de Saúde da Família (Nasf) – fisioterapeutas, psicólogos, farmacêuticos, assistentes sociais e fonoaudiólogos, entre outros –, as equipes de Saúde da Família, 43 mil em todo o país, como contabiliza Ivana, correspondendo a uma cobertura de aproximadamente 63% da população, fazem o acompanhamento de um número bem definido de famílias, localizadas em área geográfica delimitada. Dessa forma, o trabalho orienta-se pelas características epidemiológicas, demográficas e sociais do local onde os pacientes vivem.
Para participar da pesquisa, os profissionais das equipes de Saúde da Família devem responder um questionário on-line.
Acesse o questionário e participe da pesquisa: http://bit.ly/pesquisa-esf-covid19
Não há limite de participantes. Quanto mais profissionais responderem, mais dados a pesquisa reunirá. O questionário ficará disponível até novembro. De acordo com Ivana, nesse período, serão divulgados relatórios parciais da pesquisa, de modo a propiciar que as equipes de Saúde da Família e os gestores do Sistema Único de Saúde já passem a fazer ajustes nos processos de trabalho, se necessário. “Posteriormente, quando a pesquisa for finalizada, os resultados poderão servir de subsídio para formulação de políticas públicas em nível federal, estadual e municipal”.
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Se você é um profissional de saúde das equipes de Saúde da Família, acesse o link e responda o questionário!
http://bit.ly/pesquisa-esf-covid19