'Tiras de medicamentos' na redução gradual de drogas psiquiátricas: o relato de Peter Groot
“A depressão é um tabu. Falar sobre isso me fez perceber que algumas pessoas têm problemas com antidepressivos, principalmente quando querem parar. Levei alguns anos para saber o que causava isso. Se me sentia péssimo, mal, pensava que talvez minha depressão estivesse voltando, mas isso nada tem a ver com depressão. Estava sofrendo com os sintomas da própria droga, um efeito causado por não tomar a medicação”. O relato é do pesquisador e ativista Peter Groot, da Maastrich University, na Holanda. Nesse vídeo para o blog do CEE-Fiocruz, gravado após o 3º Seminário Internacional sobre Drogas Psiquiátricas, realizado em outubro de 2019, na Fiocruz, ele explica como sua experiência pessoal com antidepressivos levou-o à conceber as tiras de medicamentos (tapering trips), uma forma de reduzir de forma gradativa o uso desses medicamentos.
Em parceria com a Fundação Cinderella, organização holandesa voltada a terapias para usuários de medicamentos, a proposta tornou-se realidade. As tiras estão disponíveis a pacientes na Holanda, para redução do uso de 24 medicamentos, incluindo os benzodiazepínicos clonazepam, diazepam, lorazepam, oxazepam e temazepam.
O processo se dá em etapas, definindo-se uma determinada redução inicial da dosagem. Caso essa redução mostre-se excessiva, esse primeiro passo é dividido em dois e assim por diante, chegando-se a um número maior de pequenos passos. As doses são reunidas em pequenas bolsas. “As tiras permitem que médicos e pacientes trabalhem juntos e adaptem o cronograma, se necessário”, destaca Peter Groot.
Assista ao vídeo.