O futuro das tecnologias de retirada de drogas psiquiátricas: relatório da pesquisa disponível
Já está disponível a íntegra do relatório de pesquisa Tecnologias de retirada de drogas psiquiátricas, realizada pelos pesquisadores Fernando Freitas e Camila Motta Gomes, parceria do Centro, pela equipe de Estudos Prospectivos, com o Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental (Laps/Ensp/Fiocruz). A pesquisa buscou identificar a percepção da comunidade científica a respeito da viabilidade de tecnologias de redução segura e eficaz do uso de antidepressivos.
Segundo Fernando Freitas, a medicalização em psiquiatria tem se mostrado uma tendência internacional forte e transformado situações normais do cotidiano em problemas de saúde, principalmente, saúde mental. “Hoje, a tristeza virou depressão e como tal uma doença passível de ser medicada”, observa.
O pesquisador explica, que desde a década de 80, quando foi lançado o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, proposto pela Associação Americana de Psiquiatria, vários comportamentos passaram a ser considerados como transtorno. “A saúde mental, em geral, é orientada pela psiquiatria, pelo modelo biomédico, que faz o diagnóstico e o tratamento psicofarmacológico”, observa.
Infelizmente, uma parte razoável da comunidade cientifica é avessa ao procedimento de redução das drogas, isso porque parte das pesquisas e periódicos científicos são financiados pela indústria farmacêutica (Fernando Freitas)
A expectativa da pesquisa é saber o que a comunidade científica pensa a respeito da viabilidade de desenvolvimento de uma tecnologia que possa oferecer às pessoas, pelo SUS, uma redução segura e eficaz do uso de antidepressivos. Uma das tecnologias apontadas no estudo são as tiras de redução (tapering strips), desenvolvida na Holanda, em estudo liderado por pesquisadores da Universidade de Maastricht. A experiência consiste em doses atenuadas de medicação, fornecidas em embalagens de tiras. A redução obedece a um planejamento, com dosagens diárias, semanais e mensais, e em períodos mais ou menos lentos. “O ideal é a redução com acompanhamento médico, mas no Brasil temos vários obstáculos a isso, um deles é a formação médica pouco voltada para o campo da saúde mental e psicológica”, avalia Fernando.
“Infelizmente, uma parte razoável da comunidade cientifica é avessa ao procedimento de redução das drogas. Isso porque parte das pesquisas e periódicos científicos é financiada pela indústria farmacêutica”, aponta.
Acesse o relatório da pesquisa Tecnologias de retirada de drogas psiquiátricas