Vulnerabilidade da população negra à violência policial e à pandemia revela racismo estrutural no Brasil
A mais ampla e intensa onda de protestos contra o racismo nos EUA desde o assassinato do ativista Martin Luther King em 1968, impulsionada pelo assassinato de George FLoyd,um homem negro asfixiado até a morte por um policial branco, repercutiu em todo o mundo, inclusive no Brasil, e veio ao encontro de uma realidade que o Brasil conhece bem. No Rio de Janeiro,duas manifestações em torno do movimento global Black LivesMatter (em português, Vidas Negras Importam), uma no centro da cidade e outra em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo do estado do Rio de Janeiro, gritavam pelo fim das mortes de jovens negros nas favelas, como a de João Pedro de 14 anos assassinado em abril dentro de casa durante uma operação policial em São Gonçalo. Aqui como nos EUA, os negros têm sido o alvo principal da brutalidade policial.
O blog do CEE-Fiocruzconvidou dois pesquisadorespara discutir o tema do racismo, estrutural e institucional, instalado no país, Palloma Menezes, professora do Departamento de Ciências Sociais da UFF, e Alexandre Magalhães, professor do Departamento de Sociologia e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFRGS, ambos integrantes da equipe de pesquisa do Dicionário de Favelas Marielle Franco.
“As denúncias e notícias relacionadas tanto aos casos de violência policial quanto aos cuidados que dizem respeito aos impactos do novo coronavírus nos revelam algo acerca do racismo estrutural, institucionalizado e culturalmente enraizado que organiza as relações sociais no Brasil”, destaca Alex, no artigo Racismo estrutural no Brasil.
Como forma de luta pela sobrevivência, a população negra, maioria dos habitantes de áreas com baixo IDH nas grandes cidades brasileiras, em geral favelas e periferias, tem buscado formas para se proteger da ameaça da Covid-19. Nesse contexto, “as organizações locais têm tido um papel muito importante, de crítica à situação atual por um lado e de apresentação de soluções por outro... dando uma aula de (articulação), que é fruto de associações e mobilizações já existentes há muito tempo, mas também da urgência do momento”, mostra Palloma em entrevista concedida ao blog.
Acesse o artigo Racismo estrutural no Brasil, de Alexandre Magalhães.
Acesse aqui entrevista com Palloma Menezes.