Pesquisadores do ResiliSUS/CEE-Fiocruz e o Imperial College de Londres, parceiros em prol da resiliência em saúde
Compartilhar e disseminar metodologias e experiências que envolvem o conceito de resiliência em saúde, de forma a fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) é o objetivo da parceria levada à frente entre pesquisadores do projeto integrado Tecnologia, Informação e Resiliência em Saúde Pública (ResiliSUS), do CEE-Fiocruz, e o Departamento de Saúde Pública do Imperial College, de Londres.
“Desde 2017, bem antes da pandemia de Covid-19, o foco das nossas pesquisas já estava no entendimento da resiliência como atributo a ser desenvolvido e fortalecido no SUS”, observa o coordenador do ResiliSUS, Alessandro Jatobá. Conforme relata, a parceria com o Imperial College teve início quando colegas da instituição britânica, liderados pelo professor Matthew Harris, começaram a desenvolver programas de Agentes Comunitários de Saúde (ACS), na região de Westminster, e constataram que a presença desses profissionais em regiões vulneráveis poderia fortalecer a resiliência do National Health Service (NHS), o sistema de saúde do país. “E foi assim que eles entraram em contato com o ResiliSUS em busca de metodologias que permitissem a análise do potencial para a resiliência promovido por programas dessa natureza”, diz Jatobá.
O pesquisador explica que o tema da resiliência de sistemas vem sendo discutido há bastante tempo, com aplicações conhecidas em diversas áreas, como as da energia e da aviação, e que, no entanto, durante muito tempo, essa temática foi associada à resposta a desastres sanitários. “Na nossa concepção, não se trata disso. A saúde pública tem particularidades operacionais que fazem com que também as pequenas variabilidades do dia a dia possam ter consequências, não só de curto, como de médio e longo prazo”, observa.
Cooperação internacional e parcerias futuras
Algumas iniciativas de colaboração com o Imperial College já estão em andamento. Em 13 de março de 2024, Jatobá e o pesquisador Paulo Victor Carvalho, também do CEE-Fiocruz, ministraram, em Londres, a aula Fram Workshop: underlying principles, building steps, applications in public health (Workshop Fram: princípios subjacentes, etapas de construção, aplicações em saúde pública), relativa ao Functional Resonance Analysis Method (Fram), ou Método de Análise da Ressonância Funcional, desenvolvido para modelagem de sistemas complexos, de acordo com os princípios da Engenharia de Resiliência – em vez dos tradicionais modelos lineares de acidentes que normalmente são utilizados.
Da esquerda para direita Paulo Victor Rodrigues e Alessandro Jatobá ministrando Workshop: Fram Workshop: underlying principles, building steps, applications in public health.
Com o Imperial College, ainda, está em elaboração um acordo de cooperação de quatro anos, conduzido pelo Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz). “Nossa expectativa é que o termo seja assinado ainda no primeiro semestre de 2024. Já enviamos uma aluna de doutorado para um estágio-sanduíche e um pesquisador para um pós-doutoral. A previsão é que fiquem lá até o fim do primeiro semestre de 2024. No segundo semestre, receberemos uma pesquisadora do Imperial College para estágio pós-doutoral conosco, no CEE”, destaca.
Conforme pontua Jatobá, o tema da resiliência em saúde está no centro da pauta internacional, principalmente, a partir da crise do coronavírus, e é preciso avançar. “Temos que ir além e desenvolver a resiliência de forma contínua”, defende. “Não é razoável que serviços essenciais sejam paralisados durante grandes emergências, como vimos ocorrer durante a Covid-19. É preciso fortalecer atributos dos sistemas de saúde que favoreçam capacidades não só absortivas e preventivas, mas também adaptativas”, recomenda.