Ex-ministro Temporão condena cortes na saúde
O ex-ministro José Gomes Temporão, pesquisador do CEE-Fiocruz, criticou, em entrevista ao jornal Valor Econômico, os cortes de verbas da União na área da saúde. Leia, a seguir, na íntegra, a reportagem publicada dia 7 de junho de 2018.
Ex-ministro condena cortes na saúde
Os cortes orçamentários promovidos pelo governo federal para atender às reivindicações dos caminhoneiros geraram indignação, sobretudo, entre especialistas em saúde. Ex-ministro da pasta e aposentado pela Fundação Oswaldo Cruz, José Gomes Temporão afirmou sentir revolta com a decisão que tirou verbas de serviços essenciais para subsidiar o diesel.
"É mais uma medida que revela a verdadeira face desse governo que despreza a ciência, abandona as políticas sociais e governa apenas para os ricos", afirmou. Segundo o sanitarista, as consequências imediatas são a interrupção de pesquisas, experiências inovadoras na atenção a problemas de saúde pública, redução de investimentos em saneamento, com efeitos nos programas da Fiocruz.
A população de menor renda, ressaltou, será a mais prejudicada, com o aumento da espera para exames e cirurgias no Sistema Único de Saúde (SUS), piora no atendimento de emergência e redução na oferta de leitos em unidades públicas de tratamento intensivo. Temporão observou que as iniciativas prejudicadas passam, inclusive, pela pesquisa voltada aos cuidados de mães, bebês e idosos.
"Os impactos já são mostrados em estudos recém-publicados, apontando que a mortalidade infantil, após décadas de queda acentuada, teria diminuído o seu ritmo de redução", pontuou.
O Valor teve a acesso a estudo da Universidade Federal da Bahia (UFBA), da Fiocruz e do Imperial College, de Londres, apontando que, sem a restrição de despesas imposta pela Emenda Constitucional 95 - que criou o teto dos gastos -, quase 20 mil mortes de crianças menores de cinco anos poderiam ser evitadas até 2030.
"O contingenciamento já era motivo de preocupação e crítica, mas haveria a possibilidade de revisão e liberação. Com a decisão, o cancelamento desses recursos é definitivo", lamentou Temporão.