Adolescência e suicídio: um problema de saúde pública
Pesquisa revela um ponto de inflexão significativo em 2016 nas taxas de suicídio entre os adolescentes. “Embora as taxas de suicídio entre adolescentes (10 a 19 anos) tenham sido menores que entre jovens adultos (20 a 29 anos), naquele ano o aumento proporcional foi mais significativo no primeiro grupo”, explica o cientista político Nílson do Rosário, que integra a equipe responsável pelo estudo, ao lado dos colegas do Departamento de Ciências Sociais da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, Raphael Guimarães e Marcelo Rasga, esse último pesquisador participa, também, do grupo de trabalho dedicado à Agenda 2030 na instituição. Esse aumento, de acordo com os resultados da pesquisa, é refletido na probabilidade de suicídio, que se igualou entre adolescentes e jovens adultos em 2019, e, em 2022, passou a ser 21% maior entre os adolescentes.
O trabalho foi desenvolvido no âmbito da "Pesquisa sobre a Saúde do Adolescente e do Jovem”, em cooperação da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz) com a Coordenação-Geral de Atenção à Saúde das Crianças, dos Adolescentes e dos Jovens do Departamento de Gestão do Cuidado Integral da Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde (CGCRIAJ/DGCI/SAPS/MS).
Embora as taxas de suicídio no Brasil tenham historicamente sido mais baixas do que em outros países, os dados mostram que elas vêm crescendo, especialmente entre jovens adultos do sexo masculino em áreas urbanas. Ao avaliar o fenômeno, a pesquisa apontam que a pandemia de COVID-19 e mudanças sociais influenciaram essas tendências. “O suicídio, como fato social, resulta das condições de isolamento individual, pressão e coação para desempenho, cultura da violência, assédio moral e sexual, agravadas pela condição de pobreza e barreiras ao cuidado de saúde mental, necessitando de uma abordagem intersetorial”, explicam os pesquisadores, no relatório técnico Adolescência e Suicídio: um problema de saúde pública.
O resultados do estudo apontam que os adolescentes passarão a demandar maior atenção da linha de cuidados infantis, o que, na avaliação dos pesquisadores, representa um desafio para os gestores. “Como a população de 10 a 19 anos possui suas demandas, enfatizamos a necessidade de uma abordagem diferenciada para esse grupo, distinta daquela adotada para as crianças”, diz Nilson, “especialmente em relação à promoção da saúde nas escolas, prevenção de doenças e fortalecimento de programas com educação nutricional e saúde mental, considerando os crescentes desafios na saúde mental dos jovens”.
A pesquisa destaca ainda a importância do investimento em parcerias entre escolas e serviços de saúde para a criação de ambientes propícios ao desenvolvimento integral dos jovens, atendendo às suas necessidades específicas de saúde.
Acesse a pesquisa na íntegra aqui.